sexta-feira, 3 de julho de 2009

Turismo As Muralhas da China




Turismo As Muralhas da China


Grande Muralha da China


A fortaleza toma conta do horizonte. Para a direita, espalha-se no topo das montanhas, esconde-se cinzenta pela vegetação que cobre a serra e, de repente, surge imponente. Para a esquerda, sobe a pique o morro, apequenando tudo que a cerca. A Grande Muralha da China, onde outrora guerrearam hunos, mongóis e manchus, agora é palco de outro desafio, pacífico, festivo: uma maratona.


Na praça Yin Yang, ao pé da muralha em Huangyaguan, a três horas de viagem de Pequim, um punhado de corredores vindos de 30 países espera a hora da largada. A eles foi reservado um pequeno trecho dos mais de 6.000 quilômetros da fortificação, que se espalha de leste a oeste pelo norte da China. Breve, mas perigoso: tem mais de 1.700 degraus de tamanhos diversos, áreas semidestruídas e locais com risco de desabamento.


Às 7h30, com o sol começando a vencer as nuvens, é dada a largada. Disparam cerca de 500 pessoas que enfrentariam distâncias diversas, dos 42.195 metros da maratona completa a 10 km, todas com trechos sobre a muralha. Meia hora depois, sairiam os participantes da prova de 5 km.


O início é fácil, plano. Mas logo os corredores passam sob um pórtico colorido e começa a subida da montanha. Depois de quase cinco quilômetros pelo asfalto, uma forte rampa calçada com rochas leva a um pequeno pórtico, onde uma placa de ferro diz o óbvio: entrada da Grande Muralha. A partir dali, todos correm sobre a fortificação que um dia guardou as fronteiras do Império chinês.


Essa parte da muralha foi construída há mais de 1.400 anos. Estende-se por cerca de 40 quilômetros, no topo das montanhas que se espraiam de leste a oeste pelo norte chinês. Ali, fica em média mais de 700 m acima do nível do mar. O trecho em Huangyaguan inspirou um ditado chinês: "Se um homem guardar a passagem, 10 mil não conseguirão entrar".


Além dessa área, outros trechos da muralha foram colocados em condições de receber turistas --os mais conhecidos e visitados ficam a cerca de uma hora de viagem de Pequim.


O de Huangyaguan foi recuperado no final da década de 80, e a parte aberta ao turismo tem pouco mais de três quilômetros.


As primeiras escadarias são uma beleza, com degraus em tijolos cinzentos. Os pontos de descida mais íngreme estão marcados com tinta branca. Mas nada avisa que, apesar de terem a mesma profundidade, os degraus em cada lance não são da mesma altura.


Apesar de difícil, o percurso é mais ou menos normal até a torre que marca o ponto mais alto do percurso sobre a muralha, cerca de cem metros acima do local em que os corredores entraram. A partir daí, o piso é de rochas irregulares. As passagens são estreitas, as descidas são íngremes e em vários pontos não há paredes.


Começam os trechos de fila indiana. Encostados no paredão, agarrados a um corrimão improvisado, os corredores tentam ficar o mais longe possível do lado onde não há proteção --as paredes da muralha têm em média dez metros de altura e depois ainda há muito morro para cair...


Nesse ritmo, procurando fugir de acidentes e ao mesmo tempo seguir o mais rápido possível, os maratonistas finalmente chegam ao fim do primeiro trecho. Saem da muralha, mas ainda estão no alto da montanha e precisam descer uma trilha pedregulhosa e escorregadia, com degraus irregulares cortados na montanha.


No final da descida quase a pique, os atletas voltam à cidadela onde tudo havia começado. Estão no asfalto, disputam espaço com carros, caminhões e ônibus. Correm sem proteção, cuidando para ficar no acostamento e fugir dos motoristas chineses, que parecem adorar a buzina e também são fãs da velocidade.


Logo saem do asfalto e correm em uma estreita estrada de chão batido, que margeia um rio agora seco, vazio. No leito sem água, um pastor leva suas cabras pelas pedras. Do outro lado do ex-rio, casas simples e pequenas lavouras desafiam o terreno íngreme.


E assim os corredores chegam ao primeiro vilarejo que vão atravessar no percurso fora da muralha, Duanzhuang. É uma comunidade rural pobre, mas sem favelas à vista. As casas pequenas, de tijolos, se empilham em ruelas que cruzam a via principal.


Nas soleiras das portas, moradores acompanham a passagem dos corredores. As crianças fazem a festa, cumprimentam os visitantes, gritam um "hello" cantado, a que os estrangeiros respondem com "ni hao!" em chinês castiço.


Fora da área urbana, há plantação dos dois lados da estrada. De vez em quando, ouve-se o canto de um pássaro tal qual os relógios: "Cuuu-co". Trata-se do próprio cuco, "bu qu" para os íntimos, cujo nome completo é "bu qu liao".


Em outro vilarejo, ao lado da agricultura, a criação de porcos é fonte de renda. À beira da estrada, grandes chiqueiros, antes da entrada da cidade. Diferentemente do que acontece no interior brasileiro, a comunidade não se forma a partir da igreja. Na região chinesa, escola e hospital são os prédios maiores, mais enfeitados.


Mais à frente, os corredores separam-se. Os da meia maratona começam seu retorno, os que vão cumprir 42,195 quilômetros seguem. Terão ainda muito asfalto solitário, subidas fortes, longas descidas em areião. Do ponto mais alto do percurso, no km 22, vêem as montanhas ao longe, o rio, campos limpos e lavoura.


É hora de segurar as forças. O sol já queima, o calor e a umidade aumentam o cansaço, os atletas procuram as raras sombras no caminho para facilitar a volta, diminuem o ritmo --alguns caminham de quando em quando.


Mas todos, em melhor ou pior condição, acabam chegando de volta à cidadela e ao torreão que marca o retorno à muralha.


Farão agora o caminho inverso do enfrentado quando começaram a prova. Terão de escalar a montanha e novamente enfrentar 1.750 degraus de todos os tipos e tamanhos. Não poucos vão de gatinhas, outros buscam o suporte do paredão para erguer o corpo.


Esgotados, atletas sentam nos degraus, em que camelôs aproveitam para oferecer frutas da região --principalmente uma espécie de pêra, muito branca, mas sem gosto. Cinco yuans valiam mais de meia dúzia de frutas.


Subindo e descansando, finalmente os corredores avistam, lá do alto, a estrada que vai levá-los ao ponto final. Agora é só morro abaixo. E soltam o freio nesses derradeiros quilômetros, para chegarem felizes, cada um o próprio herói, à praça Yin Yang. Ganham medalha, aplauso e festa. E levam o dragão no coração.


Outro ponto de vista:


Muralha da China


A chamada Muralha da China, ou Grande Muralha, é uma impressionante estrutura de arquitetura militar construída durante a China Imperial.
Embora seja comum a idéia de que se trata de uma única estrutura, na realidade consiste em diversas muralhas, construídas por várias dinastias ao longo de cerca de dois milênios. Se, no passado, a sua função foi essencialmente defensiva, no presente constitui um símbolo da China e uma procurada atração turística.
As suas diferentes partes distribuem-se entre o Mar Amarelo (litoral Nordeste da China) e o deserto de Góbi e a Mongólia (a Noroeste).


A muralha começou a ser erguida por volta de 220 a.C. por determinação do primeiro imperador chinês, Qin Shihuang (também Qin Shi Huangdi, Ch'in Che Huang Ti, Shih Huang-ti ou Shi Huangdi ou ainda Tchi Huang-ti). Embora a Dinastia Qin (ou Ch'in) não tenha deixado relatos sobre as técnicas construtivas que empregou e nem sobre o número de trabalhadores envolvidos, sabe-se que a obra aproveitou uma série de fortificações construídas por reinos anteriores, sendo o aparelho dos muros constituído por grandes blocos de pedra, ligados por argamassa feita de barro. Com aproximadamente três mil quilômetros de extensão à época, a sua função era a de conter as constantes invasões dos povos ao Norte.
Com a morte do imperador Ch'in, iniciou-se na China um período de agitações políticas e de revoltas, durante o qual os trabalhos na Grande Muralha ficaram paralisados. Com a ascensão da Dinastia Han ao poder, por volta de 205 a.C., reiniciou-se o crescimento chinês e os trabalhos na muralha foram retomados ao longo dos séculos até ao seu esplendor na Dinastia Ming, por volta do século XV, quando adquiriu as atuais feições e uma extensão de cerca de sete mil quilômetros, estendendo-se de Shanghai, a leste, a Jiayu, a oeste, atravessando quatro províncias (Hebei, Shanxi, Shaanxi e Gansu) e duas regiões autônomas (Mongólia e Ningxia).
A magnitude da obra, entretanto, não impediu as incursões de mongóis, xiambeis e outros povos que ameaçaram o império chinês ao longo de sua história. Por volta do século XVI perdeu a sua função estratégica, vindo a ser abandonada.
No século XX, na década de 1980, Deng Xiaoping priorizou a Grande Muralha como símbolo da China, estimulando uma grande campanha de restauração de diversos trechos que, entretanto, foi questionada. A requalificação do monumento para o turismo sem normas para o seu adequado usufruto, aliado à falta de critérios técnicos para a restauração de alguns trechos (como o próximo a Jiayuguan, no Oeste do país, onde foi empregado cimento moderno sobre uma estrutura de pedra argamassada, conduzindo ao desabamento de uma torre de seiscentos e trinta anos), gerou várias críticas por parte de preservacionistas, que estimam que cerca de dois terços do total do monumento estejam em ruínas.


Por não se tratar de uma estrutura única, as características da Grande Muralha variam, de acordo com a região em que os diferentes troços se inscrevem. Por exemplo, perto de Beijing, os muros foram construídos com blocos de pedras de calcário; em outras regiões, podem ser encontrados o granito ou tijolos no aparelho das muralhas; nas regiões mais ocidentais, de desertos onde os materiais são mais escassos, os muros foram construídos com vários elementos, entre os quais faxina (galhos de plantas enfeixados). Em geral os muros apresentam uma largura média de sete metros na base e de seis metros no topo, alçando-se a uma altura média de sete metros e meio. Segundo anunciaram cientistas chineses em abril de 2009, o comprimento total da muralha é de 8.850 km.
Além dos muros, em posição dominante sobre os terrenos, a muralha compreende ainda elementos como portas, torres de vigilância e fortes.
As torres, cujo número é estimado por alguns autores em cerca de quarenta mil, permitiam a observação da aproximação e movimentação do inimigo. As sentinelas que as guarneciam serviam-se de um sistema de comunicações que empregava bandeiras coloridas, sinais de fumaça e fogos. De planta quadrada, atingiam até dez metros de altura, divididas internamente. No pavimento inferior podiam ser encontrados alojamentos para os soldados, estábulos para os animais e depósitos de armas e suprimentos.
Os fortes guarneciam posições estratégicas, como passos entre as montanhas. Eram dotados de escadas para a infantaria e de rampas para a cavalaria, funcionando como bases de operação. Eram dominados por uma torre de planta quadrada, que se elevava a até doze metros de altura, e defendiam grandes portões de madeira.


Afirma-se que a Grande Muralha é a única estrutura construída pelo Homem a ser vista da Lua. Isso, porém não é verdade.
Acredita-se que os trabalhos na muralha ocuparam a mão-de-obra de cerca de um milhão de homens (duzentos e cinqüenta mil teriam perecido durante a sua construção), entre soldados, camponeses e cativos.
Calcula-se que a Grande Muralha tenha empregado cerca de trezentos milhões de metros cúbicos de material, o suficiente para erguer cento e vinte pirâmides de Queops ou um muro de dois metros de altura em torno da Linha do Equador.
A Muralha da China após concurso informal internacional em 2007, foi considerada uma das Novas Sete Maravilhas do Mundo.
Outro ponto de vista:
A China está de braços abertos para receber turistas do mundo todo. Especialmente nos últimos dias, por causa dos Jogos Olímpicos. Apesar de algumas barreiras com o idioma e de ainda conservar algumas rígidas regras culturais, o país tem tudo para fazer a maior, melhor e mais bonita Olimpíada que se já viu. Isso ficou claro na cerimônia de abertura, em que o mundo se encantou com o espetáculo de cores e sons proporcionado. Mas o mais bonito disso tudo foi ver povos de costumes totalmente distintos, que não falam o mesmo idioma e que não têm a mesma crença, se confraternizando e tentando se comunicar, seja com a boca, com as mãos ou com o olhar.Tão diferentes de nós ocidentais, os chineses estão se esforçando. Nota-se no rosto de cada um, seja ele de Pequim ou de outra região, que realmente querem interagir, trocar experiências e, de alguma forma, ajudar os turistas que cruzaram o mundo para chegar até aqui. Até para melhorar o poluído ar da capital eles se mobilizaram - apenas 50% dos carros circulam pelas ruas de Pequim durante a Olimpíada e as fábricas estão paradas. Medalha de ouro para eles!Sem ingresso para as competições, estou curtindo a Olimpíada nas ruas. Nas poucas horas que fiquei no centro de Pequim no dia da cerimônia, muitos chineses me observaram, outros arriscaram sorrisos e tchauzinhos, alguns pediam para tirar fotos (ou simplesmente tiraram sem pedir) e uns poucos, mais “desinibidos”, sentaram para tentar conversar. Foi o que fez o jovem Lian, que, num esforçado inglês, perguntou se poderia ser meu amigo. Depois do nosso papo e da amizade aceita, ele pediu licença e disse que era hora de ir embora. Sem dúvida alguma, essa experiência foi, principalmente para ele, uma grande ruptura na barreira que ainda existe entre o Oriente e o Ocidente. Viva a globalização! Viva a Olimpíada! Neste eufórico clima olímpico, visitei belíssimos pontos turísticos de Pequim, como a gigantesca Praça Tiananmen - a maior do mundo - e a Cidade Proibida, onde 24 Imperadores moraram durante algumas dinastias dos antigos tempos da China.Mas a China não seria a mesma se não fosse cortada, de leste a oeste, pela Grande Muralha. A maior obra que o homem já construiu se estende por mais de 6 mil quilômetros e começou a ser erguida em 220 a.C, aproveitando outras construções que já existiam, com a finalidade de proteger a China de invasões de tribos da Mongólia.Visitar a Muralha é algo inexplicável. É como se estivesse fazendo parte de toda a história que ela tem para contar. A cada torre que fica para trás com um (ou mais) simpático chinês dentro - vendendo água, fazendo a segurança, jogando cartas, dormindo ou simplesmente vendo o tempo passar – um novo capítulo desse monstro de pedra começa. Em quatro horas, percorri oito quilômetros e passei por 30 torres. Mesmo cansado do sobe e desce das montanhas, não consegui parar de sorrir por ter passado um domingo tão especial sobre essa real maravilha do nosso planeta.Para visitar a MuralhaA Muralha da China, pelo seu tamanho, pode ser acessada por diversos pontos. Desde Pequim, há três pontos principais para quem quer visitar essa maravilha:1) Badaling – parte da Muralha que foi reconstruída. Fica a 40 quilômetros de Pequim e é o ponto mais turístico e estruturado. 2) Mutianyu – parte antiga que fica a aproximadamente 60 quilômetros de Pequim. A caminhada é considerada de nível médio no que se refere à dificuldade. 3) Jinshanling to Simatai – trekking de oito quilômetros entre essas duas regiões da Muralha da China. O início está a 110 quilômetros de distância de Pequim. Subidas e descidas íngremes durante o percurso de quatro horas, passando por partes conservadas e ruínas da Muralha. Pode ser finalizada com uma tiroleza (essa foi a minha opção). De Pequim sigo para Xian. Na semana que vêm já estarei no Japão. Não perca minha chegada na Ilha mais famosa do Oriente


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